Dia 08: Nosso Dia Branco

Antes de comentar o dia de hoje, vou abrir um espaço para escrever um pouco sobre o dia de ontem.

Um dia perfeito! Nosso amigo vento continuou colado na gente, mas desta vez, não existia mais  o elemento surpresa. Já o conhecíamos e sabíamos que ele apareceria na primeira curva, e quando se toma uma certa intimidade com a natureza, aprendemos a respeitar e lidar com ela. Em alguns momentos muito mais forte que nos outros dias, mas como já não somos mais “iniciantes”, tiramos de boa, sempre mantendo uma pitada de medo, essencial para garantir o bom caminho, e a diversão.

O sol, nosso grande amigo, sempre facilitando nossa viagem e transformando as retas intermináveis em verdadeiros cartões postais.

Em todo o percurso até El Calafate, encontramos nafta disponível, garantindo a serenidade do dia.

Com a chegada do frio, tudo ficou melhor. Essa é a temperatura adequada para se andar de moto. O corpo não desgasta, as dores desaparecem e o dia rende muito mais.

E aí, no horizonte apareceu os primeiros traços dos Andes. Indescritível!

A vontade de registrar esse momento foi tamanha, que o cartão da maquina  fotográfica acusou uso completo. Não era o suficiente. Se maquinas registrassem sentimentos também, a minha estava explodindo de plenitude e a certeza que “Tudo nessa vida vale a pena quando não se pensa pequeno”.

Simplesmente espetacular!

Então aparece El Calafate, como uma mágica porta ao imponente mundo dos glaciais. Uma pequena cidade localizada na província de Santa Cruz, Argentina  próxima a fronteira com o Chile. O nome El Calafate vem do arbusto Berberis microphylla que nasce na região e produz uma pequena fruta da qual se fazem doces e geléias.

Muito charmosa, com excelentes restaurantes, hotéis e varias atrações turísticas.

Estes é um dos lugares do mundo que temos que conhecer.  Impossível não se apaixonar.

E é no Calafete, que no dia seguinte partimos para NOSSO DIA BRANCO.

Conhecer e viver a experiência do extraordinário Parque Nacional dos Glaciares, em especial o Perito Moreno.

Fundado em 1937 e declarado patrimônio da humanidade em 1981. Possui extensão de 725 mil hectares. Nele se localizam os glaciares Perito Moreno, Upsala, O'nelli, Spegazzinni, entre outros. São imponentes sentinelas de neve depositados por séculos em suas origens, no alto da cordilheira dos Andes. Descem por extensões de que chegam a 170 km. São formados basicamente de neve compactada, possuindo milhares de nuances do branco ao azul. Na sua maioria, terminam no lago Argentino, onde se fragmentam desde farelo de gelo à grandes icebergs, descendo lentamente o leito do lago até seu derretimento. Os glaciares movem-se até um metro por dia, atritando-se violentamente com o terreno, moldando-o e lançando no lago sedimentos finíssimos, que ficam em suspensão na água, formando o leite dos glaciares.

Tem lugares na vida que são indescritíveis. Assim é o Perito Moreno.

Partimos cedo de moto para o Parque dos Glaciares, estrada excelente e totalmente asfaltada. Fizemos o mini treking sobre o Perito. Ainda que andar no gelo é inusitado e exige um certo preparo físico, desvendar os mistérios da natureza e ter a oportunidade de fazer parte dessa história não tem preço, ainda mais quando finda-se o passeio brindando a vida com whisk com gelo de mais de 300 anos, obtido do glaciar.

A imensidão branca desse glacial faz arrepiar os mais incrédulos. Por mais que as imagens ilustrem sua beleza, nunca conseguirão traduzir a sua essência. Você tem quem viver esse lugar.

E nesse momento, você brinda ao seu grande amor: “Se branco ele for, esse tanto, esse tão grande amor... Se você vier pro que der e vier comigo...” E nós fomos e branco, ele é. Calmo, paciente, companheiro e eternamente apaixonado.

E mais dias brancos virão nessa viagem. Esse encontro de dois é que fortalece e reafirma as promessas de um amor eterno.

Te amo querido.

Ju e Tati, amamos vocês!