sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dia 17: E o mar vai marear...



Às 07 hora fomos despertados para presenciar a parada e desembarque em Puerto Éden, para ser bem sincera, nós não. Osvaldo levantou, eu continuei dormindo com o balanço do mar.
Puerto Éden é uma pequena vila na ilha de Wellington, onde vivem apenas 180 pessoas, entre elas os últimos 16 representantes da etnia Kaweshar, ou Alacalufes, como foram denominados pelos europeus.
Essa vila, surgiu nos anos 1930 como base de apoio para os hidroaviões que ligavam Puerto Montt e Punta Arenas. Atualmente é uma comunidade de pescadores ligada ao resto do mundo, apenas por esta linha de navegação da Navimag.
Logo depois, eu já acordada - aqui o pessoal tira a gente “mui temprano” da cama - presenciei a passagem do navio pela Angostura Inglesa; outro estreito de dar arrepio ao ver o navio passar. Cheio de curvas e com 200m de largura.
Existe uma pequena ilha com uma imagem de Nossa Senhora e a bandeira do Chile. É um momento muito especial para a tripulação e o apito do navio toca de forma emocionante, reverenciando a Protetora.
Tomamos o café da manhã com um grupo do País de Gales, David (pai) e Michael (filho), que trabalham na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Muito gentis.
No meio do nada, no oceano, tem um barco abandonado a séculos. É o Bajo Catopaxi, ou Barco Capitão Leônidas. Diz a lenda, que o Capitão, vindo do Brasil carregado de açúcar, encalhou o barco de propósito para receber o seguro. Até o hoje, o esqueleto do barco está lá, e o Capitão amargou dois anos vendo o sol nascer quadrado.
Conhecemos Florian, que Diretor de Marketing da BMW América Latina, um alemãozinho super simpático e apaixonado pelo Brasil.
Hoje, a palestra foi sobre a fauna patagônica, conhecemos mais sobre os pingüins e suas características, como por exemplo, que eles não enxergam de frente e sim de lado, por isso vivem virando a cabeça.
Que na grande patagônia  existem apenas 0,4 pessoas por km2, por isso os pássaros não se assustam tanto com as pessoas. Entre algumas curiosidades das aves, temos:
O Queltehue (nosso quero-quero e para os argentinos, tero-tero) que bravinha ataca até Condor e Raposa. O Tiuque (carcará) que chega a comer 10 kg de peixe por dia e haja “dejetos” (quero dizer cocô). O Carancho (gavião), chegam a matar ovelhas picando o olho delas. O Caíquen, aves monogâmicas pelo resto da vida. Vivem sempre juntos. Se o macho morre, a fêmea trata de arranjar outro logo, mas se a fêmea morre primeiro, o macho fica sozinho; e é e o macho que normalmente se apresentam para enfrentar, quando são atacados por predadores - como tem pouca fêmea (40% para 60% de macho), o macho vai para o sacrifício protegendo-as. Os Albatrozes que têm um olfato incrível e acompanham os navios por sentirem o cheiro da comida. O Petrel Damero que passa a vida toda no mar, só vão a terra uma única vez para se reproduzirem. Vivem na água, bebem água do mar e dormem na água; já o Albatroz de Curva Negra dorme voando. É bem diversa as espécies de aves por estas bandas!
O Castor é uma praga na Tierra Del Fuego. Foram trazido 25 exemplares do Canadá e hoje são milhões. Se reproduzem duas vezes ao ano, cinco a seis por vez. Imagine isso após 10 anos! Atualmente a Argentina estimula a caça ao castor por causa dos danos que estão causando nas florestas. Estão pagando $15 pesos por cabeça. Em algumas regiões estão esterilizando os castores com produtos colocados nas arvores.
Isso não acontece no Canadá porque lá eles tem um predador natural. Tentaram introduzir a raposa por aqui, mas não deu certo. Elas optaram em comer as aves. Escolheram o caminho mais fácil. Para que correr atrás de castor, se há tantas aves e ninhos cheios de ovos dando sopa.
Ficamos conhecendo também muitas peculiaridades dos mamíferos marinhos, tais como a foca leopardo, leão marinho, delfim astral, tonina overa, orca (que não é baleia e sim uma espécie de golfinho), baleia jorobada – jubarta e minke.
Êta fauna rica!!!
No inicio da tarde, passamos pelo Canal Messier e caímos no Golfo de Penas e daí o Oceano Pacifico aberto. E o mar mareou... e como mareouuuu....
De repente no meio do oceano, as guardiãs aparecerem com seus jatos de água anunciando sua chegada. As baleias Minkes. Várias, formosas, num balé aquático que somente elas sabem dançar. 
Balança de cá e balança de lá e no balanço do mar o sol nos convidava a admirar o infinito do horizonte. Um vento frio, gélido que nos faziam fazer esquisitas caretas dentro da proteção de nossos agasalhos.
Mas o estomago, não agüentou e o jeito foi apelar para um remedinho e cama.
Fomos despertados para o jantar as 19:30, mas nem dá vontade de comer. Primeiro porque a claridade do dia atrapalha o relógio biológico e segundo esse negócio de mar aberto “no me gusta mucho.” Mas é só até a noite, logo estaremos em águas protegidas e a calmaria e a delicia de navegar retornará.
E tome enjôoooo...

Ju e Tati, amamos vocês!























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