Às 04 horas, ainda sonolentos em nossa cabine, o apito do
navio anunciava a partida. E vagarosamente, começamos a nos afastar do porto,
mar adentro.
Apesar de um sono danado, às 06 horas da manhã fomos despertados
pelo comandante anunciando a passagem pelo Paso de Kirk, um dos desafios da
navegação por aqui, dada a pequena largura destes estreitos. Todos no convés
atentos à manobra do navio. Essa tripulação faz isso há anos, passamos sem
maiores problemas, mas dá um arrepio na espinha. É o testemunho da bravura dos
homens que desbravam esse mar sem fim.
O café da manhã, assim como todas as refeições a bordo, é um
convite a amizade. Temos a oportunidade de dividir a mesa com colombianos, franceses,
argelinos, argentinos, sul africanos e por aí vai.
Conhecemos o Peter e a Beverly, um casal de fotógrafos de
vida selvagem, que acabara de retornar da Antártida, após três semanas. Eles
viajam o mundo inteiro com suas câmeras poderosas. Segundo eles, nenhuma
experiência no mundo, se compara a da Antártica, e essa com certeza, um dia
iremos fazer.
A paisagem é como assistir uma película ao vivo e a cores.
Melhor, é fazer parte dela.
O vento tocando nossas peles, o cheiro do mar, a gaivota
dançando no horizonte, o malabarismo dos golfinhos e as montanhas imperiosas e
guardiãs dessa maravilha chamada Mundo. Estou deslumbrada...
Toda a tarde, temos palestras sobre temas diferentes e muito
interessantes. Hoje assistimos a uma sobre “Glaciologia”. Esse é o tipo de
viagem que além de ser uma aventura e tanto, você aprende por onde navega.
Nela ficamos sabendo que os glaciares são os grandes
escultores do planeta; e que os fiordes são canais ou entradas do mar que um
dia foi o lugar dos glaciares, que por sua vez, são massas de gelo em
movimento.
Os relevos montanhosos que vemos são formados pela ação
erosiva dessas massas de gelo em movimento. Existem 5.800 ilhas no Chile, destas
5.740 estão na Patagônia (terra dos patagones: Tehuelches “pessoas grandes”),
por onde estamos passando.
A plataforma de gelo na Patagônia existe há 8.000 anos. São
grandes massas de neve que sofreram compressão. A cor do gelo, como o azul por
exemplo, é por causa da ação reflexiva da luz.
Seguindo a viagem, passamos pelo canal Santa Maria, o Paso Sobenes,
o canal Sarmiento e por volta das 18 horas, nos deparamos com uma maravilha da
natureza: O glaciar Brujo ó Skua: Um sopro de Deus num momento de inspiração.
Grandioso, um espetáculo a parte. Um gigante glaciar
solitário nesta parte de águas protegidas do oceano Pacífico. É como
voltássemos no tempo, ao início de tudo.
À noite, um jantar muito descontraído com nossos novos
amigos colombianos, José Felix e Beatriz, e meu portunhol de vento em popa...
Ju e Tati, amamos vocês!
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