sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Após 6.000 Km




Como havia prometido, retorno para dividir algumas experiências e sugestões sobre uma viagem de moto pela Patagônia. A Dêda já comentou um pouco sobre os “vientos y ripios”, principais destaques dos últimos 3.000 km percorridos, e, sobre os quais gostaria de comentar um pouco sobre a pilotagem.
Longe de querer ensinar ou recomendar algo, minha intenção é apenas ressaltar as decisões que foram chaves nestas condições de pilotagem
Para o vento, tudo ficou mais fácil depois que achei a velocidade de equilíbrio, que no nosso caso, ficou entre 100 e 120 km/h, ás marchas de 4a e 5a (precisa força para enfrentar estes ventos). Abaixo de 100 km/h a moto ficava muito susceptível à ação do vento, sobretudo das rajadas, já acima de 120, a moto vibrava muito e ficava “muito nervosa”, sobretudo quando cruzava com ônibus e caminhões. Uma vez que se acostuma com a inclinação, sempre contra o vento, a pilotagem fica até divertida, pelo menos até chegar a próxima curva na mesma direção do vento, quando temos esquecer o que aprendemos até então: por várias vezes fiz curvas à esquerda, inclinado para a direita. No mínimo esquisito.
Ah, outra questão a se levar em conta sobre a pilotagem sob ventos fortes é que, não raro, na saída das curvas, eles mudam de direção...c#@$%.
Agora, o rípio, para mim o verdadeiro desafio desta viagem, fruto que não tenho qualquer experiência em pilotagem off road. Inclusive, vou praticar um pouco de trilha, algo que recomendo a todos. Mesmo que você, como eu, prefira o asfalto, será um melhor motociclista se praticar um pouco de off road!
Para o ripio, a chave é seguir os trilhos, fugindo das áreas de pedras soltas. Lembro que o rípio se difere de nosso cascalho, pois é constituído de pedras redondas como os seixos de rio.
A velocidade ficou entre 60 e 80 km/h, sempre oscilando entre 3a e 2a marchas, para maximizar o uso do freio motor. O grande ponto de atenção também está nas curvas, principalmente, as curvas para a esquerda, pois as pedras tendem a se acumular na sua faixa de rodagem e, não raro, você terá derrapagens ou fará a curva pela contra-mão. Daí prefira “rutas” com menos movimento.
A GS permite desligar o ABS, o que é algo imprescindível para poder frear nestas condições. Agora, no manual fala-se também em desligar o controle de tração. A menos que você queira “derrapagens controladas” (existe isso?), deixe a eletrônica lhe ajudar.
Na primeira vez que entrei no ripio, segui o manual e desliguei o ABS e o controle de tração. Quando parei para descansar, ao retomar a estrada, achei que tinha melhorado muito as minhas habilidades, até perceber que não havia desligado o controle de tração. A moto era outra! Ou seja, daí até os demais quase 400 km de ripio percorrido, deixei a eletrônica me ajudar. E ela ajudou muito...
Agora, a grande experiência foi na saída de Ushuaia, quando peguei os 150 km de ripio sob fortes ventos. Amigos, pelo menos para mim, a chave foi REZAR...
Lembrem comigo, sob fortes ventos, velocidades abaixo de 100km/h tornavam a moto muito susceptível a ação dos ventos. Já sob ripio, minha solução tinha sido pilotar nos trilhos com menos pedras a até 80km/h. Ou seja as duas coisa não combinavam. Foi um tal de ir para área de pedras soltas (p@#$$ )...
Pessoal, é uma tarefa inglória tentar “teorizar” sobre pilotagem. O que sei é que me sinto um melhor motociclista por ter passado por estas experiências. Que foi muito divertido fazê-lo. Que gosto ainda mais da minha moto. Que estou ainda mais apaixonado pela minha garupa. E que tudo isso ajudou a fazer desta viagem a melhor da minha vida!!!!
Se puderem, não deixem de ir a Ushuaia.

Ju e Tati, amamos vocês!

Um comentário:

  1. Que aventura Dêda e Osvaldo. Lendo os comentários ficamos imaginando a maravilha que estão vivenciando.. Quem sabe um dia seguiremos sua dica e iremos também ao Ushuaia. Abra¢os Rose e Paulo

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