Como havia prometido, retorno para dividir algumas
experiências e sugestões sobre uma viagem de moto pela Patagônia. A Dêda já
comentou um pouco sobre os “vientos y ripios”, principais destaques dos últimos
3.000 km percorridos, e, sobre os quais gostaria de comentar um pouco sobre a
pilotagem.
Longe de querer ensinar ou recomendar algo, minha intenção é
apenas ressaltar as decisões que foram chaves nestas condições de pilotagem
Para o vento, tudo ficou mais fácil depois que achei a velocidade de equilíbrio, que no nosso
caso, ficou entre 100 e 120 km/h, ás marchas de 4a e 5a
(precisa força para enfrentar estes ventos). Abaixo de 100 km/h a moto ficava
muito susceptível à ação do vento, sobretudo das rajadas, já acima de 120, a
moto vibrava muito e ficava “muito nervosa”, sobretudo quando cruzava com
ônibus e caminhões. Uma vez que se acostuma com a inclinação, sempre contra o vento,
a pilotagem fica até divertida, pelo menos até chegar a próxima curva na mesma
direção do vento, quando temos esquecer o que aprendemos até então: por várias
vezes fiz curvas à esquerda, inclinado para a direita. No mínimo esquisito.
Ah, outra questão a se levar em conta sobre a pilotagem sob
ventos fortes é que, não raro, na saída das curvas, eles mudam de direção...c#@$%.
Agora, o rípio, para mim o verdadeiro desafio desta viagem,
fruto que não tenho qualquer experiência em pilotagem off road. Inclusive, vou
praticar um pouco de trilha, algo que recomendo a todos. Mesmo que você, como
eu, prefira o asfalto, será um melhor motociclista se praticar um pouco de off
road!
Para o ripio, a chave é seguir
os trilhos, fugindo das áreas de pedras soltas. Lembro que o rípio se
difere de nosso cascalho, pois é constituído de pedras redondas como os seixos
de rio.
A velocidade ficou entre 60 e 80 km/h, sempre oscilando
entre 3a e 2a marchas, para maximizar o uso do freio
motor. O grande ponto de atenção também está nas curvas, principalmente, as
curvas para a esquerda, pois as pedras tendem a se acumular na sua faixa de
rodagem e, não raro, você terá derrapagens ou fará a curva pela contra-mão. Daí
prefira “rutas” com menos movimento.
A GS permite desligar o ABS, o que é algo imprescindível
para poder frear nestas condições. Agora, no manual fala-se também em desligar
o controle de tração. A menos que você queira “derrapagens controladas” (existe
isso?), deixe a eletrônica lhe ajudar.
Na primeira vez que entrei no ripio, segui o manual e
desliguei o ABS e o controle de tração. Quando parei para descansar, ao retomar
a estrada, achei que tinha melhorado muito as minhas habilidades, até perceber
que não havia desligado o controle de tração. A moto era outra! Ou seja, daí
até os demais quase 400 km de ripio percorrido, deixei a eletrônica me ajudar.
E ela ajudou muito...
Agora, a grande experiência foi na saída de Ushuaia, quando
peguei os 150 km de ripio sob fortes ventos. Amigos, pelo menos para mim, a
chave foi REZAR...
Lembrem comigo, sob fortes ventos, velocidades abaixo de
100km/h tornavam a moto muito susceptível a ação dos ventos. Já sob ripio,
minha solução tinha sido pilotar nos trilhos com menos pedras a até 80km/h. Ou
seja as duas coisa não combinavam. Foi um tal de ir para área de pedras soltas
(p@#$$ )...
Pessoal, é uma tarefa inglória tentar “teorizar” sobre
pilotagem. O que sei é que me sinto um melhor motociclista por ter passado por
estas experiências. Que foi muito divertido fazê-lo. Que gosto ainda mais da
minha moto. Que estou ainda mais apaixonado pela minha garupa. E que tudo isso
ajudou a fazer desta viagem a melhor da minha vida!!!!
Se puderem, não deixem de ir a Ushuaia.
Ju e Tati, amamos vocês!
Que aventura Dêda e Osvaldo. Lendo os comentários ficamos imaginando a maravilha que estão vivenciando.. Quem sabe um dia seguiremos sua dica e iremos também ao Ushuaia. Abra¢os Rose e Paulo
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